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Chen Son “É preciso incentivar as empresas que estão a fazer exportação”
jornalista: a criação da Yewhing Angola?
chen:Estamos no mercado angolano desde 2002 e conseguimos desenvolver-nos sem grandes obstáculos, especialmente entre 2006 e 2008, em que registámos um desenvolvimento considerável. Por isso, a partir de 2009.aumentámos o nosso investimento Foi a partir desta altura que País.projectámos a construção da nossa sede. Nós começámos a actividade Angola dedicando-nos à venda a grosso e evoluímos para o comércio de forma mais especializada, vendas de electrodomésticos, geradores e sapatos. Depois apostámos na venda a retalho destes equipamentos e outros como materiais de construção e de decoração.Por causa da crise petrolífera.que começou em 2015 e da falta de divisas, registámos uma redução nas vendas.
jornalista:Quais têm sido as soluções para superar os desafios impostos pela crise?
chen:A principal dificuldade que resulta da crise é a falta de divisas, que,entretanto, são fundamentais para uma empresa de comércio como é a nossa mportação e começámos a desenvolver a actividade de exportação de produtos agrícolas como frutas, madeira e café no sentido de conseguirmos algumas divisas, ainda que limitadas, para garantir algum fluxo de capital.
jornalista: E os resultados já são animadores?
chen:De momento ainda não, porque os processos para as exportações ainda são muito complexos.Ainda não se formou um sistema completo desde a aquisição do produto, conservação, até à exportação. Ainda não há um sistema muito completo e funcional.Por isso, ainda temos de superar muitas dificuldades.
jornalista:Disse que registaram redução nas vendas. Sei que em 2014 o volume de negócio da empresa foi de cerca de 30 milhões USD. Quais foram os níveis da redução a que se referiu?
chen:O nosso volume de negócio em 2016 foi de cerca de 10 milhões e registámos uma redução de cerca de 50% comparativamente a 2015.A exportação representou cerca de 2 milhões USD. Portanto,embora exista esta dificuldade para a actividade de exportação,conseguimos alguma coisa e temos boas expectativas para os próximos anos.Acredito que esta crise vai promover a transformação da economia angolana, esta transformação que é muito necessária vai se concretizar. Acredito que tanto as empresas como o Governo têm conhecimento da necessidade desta concretização. Acredito que nos próximos três a cinco anos se vai assistir a grandes desenvolvimentos na agricultura, pesca e na indústria mineral. Por isso,acredito que a exportação terá mais peso que actualmente. Não obstante estas dificuldades, neste ano faremos novos investimentos,vamos investir em dois projectos,um será na indústria da pesca,ou seja, na montagem de embarcaçóes, captura e processamento de peixe.
jornalista:Este projecto é para este ano ainda?
chen:Antes, gostaria de explicar o porquê da aposta no fabrico de embarcações de madeira.Porque Angola tem muita madeira,mas não produz barcos. Vamos explorar a madeira e também produzir embarcações. Estamos a falar de barcos motorizados que terão entre 10 e mais de 20 metros.Vamos fornecer às empresas de captura e também faremos manutenção das embarcações.Constatamos que muitas pessoas gostariam de aumentar as respectivas produções de produtos do mar mas não têm as ferramentas necessárias porque não há empresas a fornecer manutenção pós-venda, por isso vêem-se no litoral muitos barcos abandonados. Este nosso projecto irá contribuir para inverter este quadro. Já temos a empresa registada e estamos a trabalhar no sentido do primeiro barco no final de Junho. Em relação a captura e processamento de peixe está previsto para o final do ano ou início de 2018.
jornalista: Falou em dois projectos.Qual é o segundo?
chen:O outro projecto é para tentar fazer plantação de amendoim,introduzindo
sementes americanas.Vamos começar a testar se esta semente é adaptável ao Conforme o estudo que fizemos, a produção de
amendoim em ronda os cerca de 500 quilos
por hectare. As sementes, as tecnologias e mecanização dão-nos possibilidade de
aumentar estes níveis de produção.
Após testes das
nossas sementes, estamos a prever uma produção de 4 mil quilos por hectare, ou
seja, oito vezes a produção média actual. Sabemos que os camponeses têm terrenos, mas faltam-lhes as sementes de boa
qualidade e os adubos, por isso não conseguem explorar todas as potencialidades
dos solos. Se eventualmente a produção atingir as nossas expectativas, vamos
começar por criar uma zona exemplar de produção de amendoim para ajudar os
camponeses locais a cultivar os amendoins e depois vamos fazer a divisão da
produção. Seguidamente, podemos fazer o processamento e a comercialização,
tanto internamente como para o exterior.
jornalista:Para quando é este projecto?
chen:É para Julho deste ano e estará em Catete. No início teremos 100 hectares, que serão para fazer os testes.
jornalista:Quanto pensam investir?
chen:Para este ano vamos investir 5 milhões USD, e depois vamos aumentar o investimento gradualmente conforme o desenvolvimento dos projectos.
jornalista:Em 2014 marcaram passo no sentido de investir numa fábrica de electrodomésticos. Em que pé está este projecto?
chen:Abandonámos este projecto porque sem divisas é difícil manter uma fábrica deste nível a funcionar sem obstáculos.
jornalista:Qual é a expectativa que tem, enquanto empresário chinês com investimentos em Angola, com a entrada, no ano passado, do yuan no grupo das moedas de referência do FMI?
chen:Terá uma influência a longo prazo e não actualmente. Neste momen- to, a China também está a enfren-tar uma transformação da economia, está a transformar-se de uma fábrica mundial para as altas tecnologias e investimentos no estrangeiro. No ano passado, o PIB da China atingiu 11 triliões USD (à escala curta) e está previsto para este ano um crescimento de 6,7%, o que significa um cresci- mento 70 biliões para o mundo,é quase quatro vezes o PIB de Portugal. Estamos a aumentar o investimento para o estrangeiro. Não sei se já ouviu falar do projecto “Um Cinturão e Uma Rota”. É uma rota de comércio da China para com os países do Centro da Ásia até à Europa.
De forma geral “Um Cinturão e Uma Rota” é uma ponte
para conectar a Ásia, Europa e África. Isso foi programado em 2013 pelo governo
chinês, e desde lá a China já investiu 50 biliões. Para África também está a
investir cada vez mais. Em final de 2015, no Fórum entre África e China que se
realizou na África do Sul, o presidente da China declarou que nos próximos três
anos a China investirá cerca de 60 biliões USD em África. Este é um
investimento governamental. Nesta fase,as empresas chinesas também estão a
aumentar os investimentos no estrangeiro.
jornalista:Pelo que sabe, as empresas chinesas continuam com o mesmo à-vontade para investir em Angola?
Chen:O conhecimento que tenho é que as principais empresas chinesas que estão em Angola não deixaram o País por causa da crise, estão a procurar, sim, outras oportunida- des, embora seja muito difícil, mas estamos a persistir. Nos últimos dias vamos notando que o câmbio está mais ou menos estável, é um bom sinal para as empresas, só que as divisas não aparecem, este problema permanece, e as empresas não podem esperar até que o País tenha mais divisas. Vamos criar condições com os nossos esforços no sentido de termos mais divisas. Angola pode ter mais exportações e de mais áreas, e se assim fosse não teria estas dificuldades. Angola precisa de aumentar as exportações
nos próximos três a cinco anos, é preciso incentivar-se
a exploração e processamento dos recursos que o País tem para exportar.
Jornalista:Iniciaram a exportação pressio- nados pelas dificuldades de divisas. Pensam fazer dela uma actividade permanente?
Chen:Sim.
Jornalista:Quais são as grandes dificuldades que devem ser superadas para a exportação?
Chen:Há três aspectos. Primeiro, o Governo tem de implementar mais políticas para incentivar a exportar e reduzir ao máximo os procedi- mentos, simplificar os processos. Segundo, tem de manter a estabili- dade das políticas, tem de evitar alterações constantes das políticas de exportações. E, terceiro, é preciso incentivar as empresas que estão a fazer exportações, que conseguem divisas com a exporta- ção. Existem alguns incentivos, mas podem ser mais.
Jornalista:Tem conseguido passar esta mensagem?
Chen:Sim, porque somos vice-presidente da Câmara de Comércio Angola-China e temos aproveitado para dar os nossos contributos. Muitos países já viveram esta situação, incluindo a China na década 70.A China tinha cerca de 2 biliões USD, cerca de 10% das divisas actual de Angola, mas o governo chinês chinês conseguiu, através da reforma e da abertura, aumentar os níveis de exportação. Por exemplo, o imposto para este tipo de empresas é quase zero. Todos os órgãos oficiais ofereceram muitas conveniências e benefícios para as empresas exportadoras, por isso a China conseguiu ter um nível de exportação muito grande naquela altura, e mesmo agora existem muitos incentivos de apoio à exportação. Após uma acumulação de quase trinta anos, a divisada China é de 3 biliões, é a maior do mundo. Esperamos que nos próximos cinco a dez anos o Governo de Angola possa conse- guir este êxito através do incentivo à exportação. É um país com território muito amplo e tem muitos recursos, é quase oito vezes o território da França. Tem abundantes recursos e solos com boa qualidade. Se o governo tiver políticas para apoiar, acredito que entrarão muitos investimentos e ao mesmo tempo o Governo aumenta- rá as exportações para conseguir um balanço estável. Qual é a percentagem das exportações dos outros produtos de Angola, exceptuando o petróleo e o diamante? Em 2014, a exportação petrolífera conseguiu criar divisas de cerca de 97,8% do País, e o outro 1,7% vem do diamante, os outros produtos ocuparam 0,3%. É preciso apostar no sentido de estes 0,3% passarem para 30% ou 50%, temos de acreditar, e, quando isso acontecer, Angola tornar-se-á um país muito forte.
Jornalista:A forte aposta da China pela exportação concorreu para que os produtos exportados não tivessem a qualidade desejada e os produtos da China fossem encarados com certo receio nos outros países. Concorda?
Chen:De certeza que já teve contacto com os produtos da MDC, e todos têm qualidade. A China é um país muito grande, oito vezes oterritório angolano, a população chinesa é 500 vezes a angolana.As pessoas lá são diferentes, tal como em Angola e em todos os outros países. Encontramos pessoas bem-educadas, assim como sem educação.
Jornalista:Isso para perguntar: acha que todas as pessoas têm capacidade de comprar coisas na MDC?
Chen:Há pessoas que precisam destas coisas baratas, e estas não têm a mesma qualidade dos produtos da MDC. A China é a fábrica do mundo, e por isso os produtos estão para satisfazer as pessoas dos diferentes níveis. Acredito que as famílias árabes também usam os produtos feitos na China.
Jornalista:Mas esta visão mundial de que os produtos chineses são de pouca qualidade não preocupa o governo chinês?
Chen:Há dois aspectos a considerar. Por norma, nos países, as pessoas com rendimento médio são a maioria da população, e os produtos para satisfazer estas pessoas, claro, terão um volume maior. Por outro lado, alguns produtos são falsos, como, por exemplo, a Nike produzida lá, não é original,é cópia. Este, sim, este fenómeno de copiar as marcas é mau. Outro exemplo é o dos produtos com pouca qualidade, como os sapatos que, depois de utilizados uma semana, se estragam. Também não é um bom fenómeno, e o governo chinês pretende combater estes fenómenos. Podemos investir para produtos com preço barato, mas não necessariamente não duradou- ros, os baratos podem não ter a mesma qualidade dos produtos usados pelas famílias mais ricas, mas não podem avariar com facilidade. Este é o objectivo do governo chinês, é um processo. Antes de nós criarmos a MDC em Angola, muitas pessoas desconhe- ciam que a China também tem produtos de boa qualidade.
Por exemplo, antes da venda dos geradores Kipor, as
pessoas desconheciam que a China produz geradores com esta qualidade.É um
processo gradual,e as empresas que produzem produtos de má qualidade serão
abandonadas com o tempo.A nossa empresa, por exemplo, nunca terá cooperação com
estas, e, se mais empresas optarem por esta postura, as produtoras de produtos
falsos vão acabar.
Jornalista:Quanto já investiram no País?
Chen:Não temos um cálculo exacto, mas para a construção do nosso centro comercial e da nossa sede investimos cerca de 30 milhões USD. Concluímos em 2014 e, se não fosse a crise económica, teríamos explorado todo o espaço à volta.Queríamos implementar algumas indústrias para completar um centro comercial com restauran- tes, cinema, ginásio e outros lugares de lazer.
Jornalista:Qual das empresas do grupo tem o maior volume de negócio?
Chen:Actualmente é a MDC, embora também tenha alguma dificuldade devido às divisas, mas, como também estamos a investir em outros países, conseguimos dar a volta a esta situação.
Jornalista:Além de Angola, onde estão mais?
Chen:Tivemos investimentos na Tanzânia e no Congo-Kinshasa. Saímos destes países em 2012 e concentrámo-nos em Angola.
Jornalista:E dentro
de 10 anos?
Chen:Primeiro queremos promover a MDC nos outros países de
África, os mais desenvolvidos, formando uma rede internacional.África é um
território com muito potencial, apesar de ter muitos obstáculos no processo de
desenvolvimento, mas olhamos a longo prazo e acredito ser um território com
muitas oportunidades. Actualmente, a situação económica de África está atrasada
em comparação com os outros continentes e precisa de mais investimentos para se
desenvolver. Mas tem um elevado crescimento populacional, o que promove o
consumo, e, por outro lado, precisa da promoção do emprego.Mas tudo vai
depender do ambiente favorável para os investimentos e das boas políticas
governamentais para incentivar as empresas. Gostaria de acompanhar o
desenvolvimento de África.